segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Está surgindo uma crise financeira para pequenos fornecedores

Observatório JB comenta artigo publicado em 06/08/2020 pela Harvard Business Review, sobre a dura situação de hoje das Pequenas e Médias Empresas (PME) com falências, acordos de refinanciamento e cortes drásticos das grandes empresas. Foco em Estados Unidos e Europa, mas, mundo globalizado, nada impede que mais esta crise esteja a caminho do nosso país.
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A notícia vem dos Estados Unidos e foi divulgada pela Harvard Business Review nesta semana. Portanto, merecem atenção os fatos, as consequências e as recomendações dadas pela publicação, no sentido de minimizar a possibilidade de seus reflexos contaminarem não apenas a economia local, mas também a já combalida economia global. E nada impede que ela esteja a caminho do nosso país.

Os fatos

Falências, acordos de refinanciamento e cortes drásticos de custos envolvendo empresas como Brooks Brothers, JCPenney, Hertz, Neiman Marcus, Ford e GM são a parte mais evidente dos problemas financeiros causados ​​pela pandemia de Covid-19. Mas uma crise menos visível nas profundezas da cadeia de suprimentos está desestabilizando as pequenas e médias empresas (PME) e pode contribuir para os problemas da economia global.

As PME são mais vulneráveis e tendem sempre a ser as primeiras a sentir os efeitos das crises financeiras. Mas sua situação atual é exacerbada pelos termos de pagamento impositivos que as grandes empresas começaram a introduzir após o colapso financeiro de 2008 e que, combinadas à crise da pandemia, ameaçaram desencadear uma onda de quebras.

Um modo de evitar esse resultado é a oferta de apoio pelos governos às PME, o que nem sempre ocorre na medida do necessário. Por outro lado, as grandes empresas podem ajudar na identificação e suporte de fornecedores em risco ou as próprias podem se preparar para minimizar esse tipo de impacto com uma abordagem mais rigorosa no gerenciamento do seu capital de giro. Tudo isso pode ser acrescido de soluções inovadoras, de financiamento da cadeia de suprimentos, incluindo uma nova geração de soluções digitais.

Tudo isso combinado pode evitar uma quebra em massa nas PME e minimizar as consequências para as grandes empresas – além de reduzir o impacto financeiro e social decorrente.

 

Nas últimas décadas, as PME têm se esforçado para se tornarem organizações enxutas, reduzindo o estoque e otimizando as operações para aumentar a eficiência, mas estas medidas tornaram suas operações mais frágeis.

 

As consequências

As PME, enfraquecidas por consequências de crises anteriores, agora precisam lidar com os desafios da pandemia de covid-19. Com a queda acentuada na demanda e das paradas obrigatórias causadas pela pandemia, as faturas pendentes não estão sendo pagas e a situação deles pode se tornar precária em curto prazo.

O artigo da HBR analisa dados referentes a consequências a ações de apoio às PME tomadas perante esta crise nos Estados Unidos e na Europa, que de alguma forma podem servir de modelo para ações e adaptações em nossa economia, com destaque para o apoio dos governos e das grandes empresas combinadas com soluções do sistema financeiro, podem ajudar as PME e deixá-las melhores condições para reduzir o risco de quebras generalizadas.

A matéria cita que nos Estados Unidos, o Programa de Proteção de Pagamento (PPP) tem sido eficaz no fornecimento de algum apoio financeiro às PME, além de programas governamentais criados para aumentar a liquidez. Na Europa, os governos nacionais e a UE estão oferecendo apoio financeiro às empresas, com foco especial nas PME. A maior parte desse apoio é na forma de empréstimos garantidos por uma garantia nacional ou europeia, para reduzir o custo para o mutuário. Alguns países, como o Reino Unido e a Itália, estão tentando apoiar as transações da cadeia de suprimentos, fornecendo garantias governamentais no lugar do seguro de crédito comercial que está se tornando muito caro. 

Nos Estados Unidos, a Small Business Administration oferece vários programas, incluindo alguns que fornecem empréstimos expressos e flexibilização para o pagamento da dívida.

O sucesso de tudo isso, seja nos Estados unidos, na Europa ou mesmo no Brasil, depende da rapidez com que as ações são implementadas e da eficiência dos processos dos sistemas bancários para fornecer esses fundos. 

Hoje, empresas estão lutando para permanecer vivas até que os pedidos recuperem, aumentem ou expandam as operações. Isso exige liquidez em toda a cadeia de suprimentos


Algumas recomendações

Empresas de maior porte devem cultivar os seus fornecedores de menor porte. Identificando aqueles que são críticos para o negócio, apoiando-os, orientando-os e intercedendo, sempre que possível, para que possam obter os recursos necessários para a manutenção das suas operações.

O artigo cita, entre outros exemplos o da operadora de telecomunicações móvel francesa Iliad, que optou por pagar em dinheiro aos seus fornecedores de PME, em vez de esperar os 60 dias normais para obter liquidez imediata e da fabricante de cerveja Birra Peroni, que ofereceu 60 dias de condições de pagamento extra para ajudar seus distribuidores, enquanto bares e restaurantes realizam negócios limitados ou permanecem fechados.

Gerenciamento proativo de capital de giro. Revisando suas cadeias de suprimentos e reduzindo os requisitos de estoque e o tempo de ciclo - o tempo em que a empresa deve financiar as operações de produção e distribuição até o ponto de venda. Esta não é uma ação de resultados imediatos - porque implica em redesenho das cadeias de suprimentos, otimização dos níveis de estoque, simplificação das operações e racionalização das ofertas de serviços e produtos – mas, quanto antes for implementada, mais cedo os resultados surgirão.

Soluções de financiamento da cadeia de suprimentos. Operações com a participação das empresas da cadeia de suprimentos podem envolver, por exemplo, um grande comprador com crédito que providencia para que sua instituição financeira compre os recebíveis de seus fornecedores. Com isso a instituição financeira pode pagar imediatamente ao fornecedor, enquanto o comprador paga ao banco as condições usuais de pagamento. O principal benefício é alavancar a capacidade de crédito da parte com a melhor classificação, fornecendo crédito a taxas mais atraentes para as PME. Nos Estados unidos, grandes empresas - incluindo Siemens North America e P&G - adotaram esses métodos desde a Grande Recessão e os expandiram em resposta à atual pandemia.

 

Abordagens com a participação do governo, de instituições financeiras e de outras empresas com estrutura financeira sadia, tornarão as grandes empresas e suas cadeias de suprimentos mais resistentes.

 

Outras ações são exemplificadas e detalhadas no artigo. O leitor com maior interesse e/ou necessidade de soluções dentro deste tema , pode encontrar no site da HBR  exemplos de estratégias que grandes empresas estão empregando para ajudar seus fornecedores menores em dificuldades ou fornecedores menores a usarem por conta própria. Elas se referem a:

Explorar melhor os dadosCom grandes quantidades e novas fontes de dados disponíveis, as grandes empresas devem usar esse recurso para avaliar melhor a saúde e a viabilidade dos fornecedores e ajudá-los.

Aproveitar as soluções digitaisAs PME podem tirar proveito das soluções da cadeia de suprimentos digital ou em colaboração com empresas maiores e detentoras de modelos digitais. 

Praticar descontos dinâmicos. Com compradores oferecendo pagamento antecipado em troca de descontos.

Financiamento de estoque. Com ações de diversas modalidades, tais como (empréstimos com estoque como garantia), financiamento de pedidos de compra (empréstimos garantidos por pedidos de compra) e negociação de faturas (plataformas de venda de recebíveis). 

Aplicar novas soluçõesAlém das opções tradicionais de financiamento, existem muitas soluções alternativas que obtêm benefícios semelhantes: acesso imediato à liquidez, distribuição de riscos entre os parceiros da cadeia de suprimentos e otimização do uso do capital de giro. 

 

Quando a dificuldade é grande a capacidade de gerar soluções não pode ter limite, seja de quantidade ou – principalmente - de criatividade.


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