A
notícia vem dos Estados Unidos e foi divulgada pela Harvard Business Review
nesta semana. Portanto, merecem atenção os fatos, as consequências e as
recomendações dadas pela publicação, no sentido de minimizar a
possibilidade de seus reflexos contaminarem não apenas a economia local, mas
também a já combalida economia global. E nada impede que ela esteja a caminho
do nosso país.
Os fatos
Falências, acordos de refinanciamento e cortes drásticos
de custos
envolvendo empresas como Brooks Brothers, JCPenney, Hertz, Neiman Marcus, Ford
e GM são a parte mais evidente dos problemas financeiros causados pela
pandemia de Covid-19. Mas uma crise menos visível nas profundezas
da cadeia de suprimentos está desestabilizando as pequenas e médias empresas
(PME) e pode contribuir para os problemas da economia global.
As PME são mais vulneráveis e tendem
sempre a ser as primeiras a sentir os efeitos das crises financeiras. Mas
sua situação atual é exacerbada pelos termos de pagamento impositivos que as
grandes empresas começaram a introduzir após o colapso financeiro de 2008 e
que, combinadas à crise da pandemia, ameaçaram desencadear uma onda de quebras.
Um modo de evitar esse
resultado é a oferta de apoio pelos governos às PME, o que nem sempre ocorre na
medida do necessário. Por outro lado, as grandes empresas podem ajudar na
identificação e suporte de fornecedores em risco ou as próprias podem se
preparar para minimizar esse tipo de impacto com uma abordagem mais rigorosa no
gerenciamento do seu capital de giro. Tudo isso pode ser acrescido de
soluções inovadoras, de financiamento da cadeia de suprimentos, incluindo uma
nova geração de soluções digitais.
Tudo isso combinado pode
evitar uma quebra em massa nas PME e minimizar as consequências para as grandes
empresas – além de reduzir o impacto financeiro e social decorrente.
Nas últimas décadas, as PME têm se esforçado para se tornarem organizações enxutas, reduzindo o estoque e otimizando as operações para aumentar a eficiência, mas estas medidas tornaram suas operações mais frágeis.
As consequências
As PME, enfraquecidas por consequências
de crises anteriores, agora precisam lidar com os desafios da pandemia de covid-19. Com
a queda acentuada na demanda e das paradas obrigatórias causadas pela pandemia,
as faturas pendentes não estão sendo pagas e a situação deles pode se tornar
precária em curto prazo.
O artigo da HBR analisa dados
referentes a consequências a ações de apoio às PME tomadas perante esta crise
nos Estados Unidos e na Europa, que de alguma forma podem servir de modelo para
ações e adaptações em nossa economia, com destaque para o apoio dos governos e das
grandes empresas combinadas com soluções do sistema financeiro, podem ajudar as
PME e deixá-las melhores condições para reduzir o risco de quebras
generalizadas.
A matéria cita que nos Estados
Unidos, o Programa de Proteção de Pagamento (PPP) tem sido eficaz no
fornecimento de algum apoio financeiro às PME, além de programas governamentais
criados para aumentar a liquidez. Na Europa, os governos nacionais e a UE
estão oferecendo apoio financeiro às empresas, com foco especial nas
PME. A maior parte desse apoio é na forma de empréstimos garantidos por
uma garantia nacional ou europeia, para reduzir o custo para o mutuário. Alguns
países, como o Reino Unido e a Itália, estão tentando apoiar as transações da
cadeia de suprimentos, fornecendo garantias governamentais no lugar do seguro
de crédito comercial que está se tornando muito caro.
Nos Estados Unidos, a Small
Business Administration oferece vários programas, incluindo alguns que fornecem
empréstimos expressos e flexibilização para o pagamento da dívida.
O sucesso de tudo isso, seja
nos Estados unidos, na Europa ou mesmo no Brasil, depende da rapidez com que as ações são implementadas e da eficiência dos processos dos sistemas bancários
para fornecer esses fundos.
Hoje, empresas estão lutando para permanecer vivas até que os pedidos recuperem, aumentem ou expandam as operações. Isso exige liquidez em toda a cadeia de suprimentos
Algumas recomendações
Empresas de maior porte devem
cultivar os seus fornecedores de menor porte. Identificando aqueles que são
críticos para o negócio, apoiando-os, orientando-os e intercedendo,
sempre que possível, para que possam obter os recursos necessários para a
manutenção das suas operações.
O artigo cita, entre outros
exemplos o da operadora de telecomunicações móvel francesa Iliad, que optou por
pagar em dinheiro aos seus fornecedores de PME, em vez de esperar os 60 dias
normais para obter liquidez imediata e da fabricante de cerveja Birra Peroni,
que ofereceu 60 dias de condições de pagamento extra para ajudar seus
distribuidores, enquanto bares e restaurantes realizam negócios limitados ou
permanecem fechados.
Gerenciamento proativo de
capital de giro. Revisando
suas cadeias de suprimentos e reduzindo os requisitos de estoque e o tempo de
ciclo - o tempo em que a empresa deve financiar as operações de produção e
distribuição até o ponto de venda. Esta não é uma ação de resultados imediatos
- porque implica em redesenho das cadeias de suprimentos, otimização dos níveis
de estoque, simplificação das operações e racionalização das ofertas de
serviços e produtos – mas, quanto antes for implementada, mais cedo os resultados
surgirão.
Soluções de financiamento da
cadeia de suprimentos. Operações
com a participação das empresas da cadeia de suprimentos podem envolver,
por exemplo, um grande comprador com crédito que providencia para que sua
instituição financeira compre os recebíveis de seus fornecedores. Com isso
a instituição financeira pode pagar imediatamente ao fornecedor, enquanto o
comprador paga ao banco as condições usuais de pagamento. O principal
benefício é alavancar a capacidade de crédito da parte com a melhor
classificação, fornecendo crédito a taxas mais atraentes para as PME. Nos
Estados unidos, grandes empresas - incluindo Siemens North America e P&G -
adotaram esses métodos desde a Grande Recessão e os expandiram em resposta à
atual pandemia.
Abordagens com a participação do governo,
de instituições financeiras e de outras empresas com estrutura financeira sadia,
tornarão as grandes empresas e suas cadeias de suprimentos mais resistentes.
Outras ações são exemplificadas e
detalhadas no artigo. O leitor com maior interesse e/ou necessidade de soluções
dentro deste tema , pode encontrar no site da HBR
exemplos de estratégias que grandes empresas estão
empregando para ajudar seus fornecedores menores em dificuldades ou
fornecedores menores a usarem por conta própria. Elas se referem a:
Explorar melhor os dados. Com grandes quantidades e
novas fontes de dados disponíveis, as grandes empresas devem usar esse recurso
para avaliar melhor a saúde e a viabilidade dos fornecedores e ajudá-los.
Aproveitar as soluções
digitais. As PME podem tirar proveito
das soluções da cadeia de suprimentos digital ou em colaboração com empresas
maiores e detentoras de modelos digitais.
Praticar descontos dinâmicos. Com compradores oferecendo
pagamento antecipado em troca de descontos.
Financiamento de estoque. Com ações de diversas
modalidades, tais como (empréstimos com estoque como garantia), financiamento
de pedidos de compra (empréstimos garantidos por pedidos de compra) e
negociação de faturas (plataformas de venda de recebíveis).
Aplicar novas soluções. Além das opções tradicionais
de financiamento, existem muitas soluções alternativas que obtêm benefícios
semelhantes: acesso imediato à liquidez, distribuição de riscos entre os
parceiros da cadeia de suprimentos e otimização do uso do capital de
giro.
Quando a dificuldade é grande
a capacidade de gerar soluções não pode ter limite, seja de quantidade ou –
principalmente - de criatividade.
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