Observatório JB traz, nesta postagem, informações de pesquisa mundial, publicada e analisada em recente publicação da MIT Sloan Management Review, que destaca as medidas proativas tomadas por empresas de vanguarda vinculando os cuidados com a saúde e bem estar ao alcance de melhores resultados pelos negócios.
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Pesquisando pelo mundo
Artigo publicado
em agosto deste ano na MIT Sloan Management Review aborda, como notícia e como referência
de conduta, problemas enfrentados no âmbito empresarial nos últimos dois anos, com
ênfase para os aspectos que afetam à saúde mental do trabalhador.
Logo de
início afirma que quase 81% dos trabalhadores enfrentam algum tipo de
esgotamento ou problema de saúde mental, e que 68% dizem que seu trabalho
diário foi prejudicado ou interrompido por questões dessa natureza.
O
destaque neste particular foi, como era de se esperar, o setor de saúde, cujos
trabalhadores estiveram especialmente afetados pelo esgotamento e o estresse.
Embora física e mentalmente desgastados, coube a estes o encargo de enfrentar
picos de demanda por serviços durante os períodos mais críticos da pandemia de covid-19.
Responsáveis
por algumas instituições de saúde chegaram a afirmar que seu pessoal estava “sofrendo
traumas, assim como nossos pacientes”, verificando como consequência doenças,
absentismo e rotatividade de pessoal, com extensão a muitos membros das equipes
de apoio. Os especialistas identificaram, como outros setores cujo pessoal também foi
muito afetado, o varejo, transporte e hospitalidade. Com resultados não tão dramáticos,
mas de natureza similar.
O artigo
do MIT afirma que suas pesquisas deixaram claro que, em todo o
mundo, as organizações de melhor desempenho diante dessa crise foram as que cultivaram
um forte senso de empatia e flexibilidade, desenvolveram novas habilidades para
atender às necessidades da força de trabalho e estenderam o suporte holístico
de saúde mental aos seus empregados.
A pesquisa mostra que empresas que se preocupam com o bem-estar da equipe têm pelo menos duas vezes mais chances de encantar os clientes, de serem identificadas como um “ótimo lugar para trabalhar” e de superar as metas financeiras.
Saúde mental e negócios
Sugere
ainda que essa nova abordagem à saúde mental deve se tornar permanente, na medida em que empresas de vanguarda já começam a entender o valor da ligação entre a
saúde mental, o bem-estar dos trabalhadores e o desempenho geral dos negócios.
A evidência percebida pelos especialistas é que essas empresas estão - de forma proativa e estruturada - se
esforçando para entender e responder à maneira como os funcionários se sentem
no dia a dia.
Outra
conclusão, a partir do estudo mundial com mais de 1.000 empresas - examinando práticas
de negócios e pessoas com maior impacto nos resultados e em inovação - indicou movimentos importantes, como por exemplo a
transição do foco tradicional em assistência e benefícios dos empregados para
ações contemplando design de trabalho, gerenciamento, práticas de recompensas, compromisso
com segurança e uma cultura de escuta dos trabalhadores.
O mesmo estudo evidenciou que corporações mais assertivas nesses aspectos superam seus pares em vários indicadores, como por exemplo: taxas de absentismo quase 11 vezes mais baixas; possibilidades de reter talentos, mais de três vezes maiores; o dobro de chances de episódios de encantamento do cliente; e de serem citadas como um “ótimo lugar para trabalhar”. Além de superarem consistentemente as metas financeiras e de inovação.
Importante
achado nas pesquisas (lembremos que ocorreram em âmbito global) foi o fato de
que, quanto mais a saúde mental for priorizada nas organizações, maior o
impacto de qualquer intervenção nos resultados do negócio. Isso fez com que o tema saísse da visão
restrita do setor de RH e assumisse papel relevante na agenda de gestão, com disponibilização
de verbas para investir na identificação e abordagem de problemas com soluções
positivas, proativas e cada vez mais criativas. Ou seja: impacto em pessoas e
em resultados.
Exemplos
em empresas de vanguarda identificaram a criação de programas para licenças
sabáticas, folgas, benefícios para creches, acordos de trabalho mais
flexíveis, semana de trabalho de quatro dias e outras possibilidades
negociadas no sentido de tornar o trabalho mais humano e saudável para os
trabalhadores.
O rol
de achados não para por aí e chega ao acesso a plataformas de tecnologia e
aplicativos – desde aplicativos de meditação voltados para a atenção plena até
ferramentas que melhoram a experiência do funcionário, ajudando a aliviar a
tensão administrativa. Tudo isso funcionando dentro de uma cultura empresarial onde as conversas sobre saúde mental sejam incentivadas e introduzidas
com normas e procedimentos bem definidos.
Como o ponto de partida para ações de saúde mental é a escuta - afinal, as lideranças não saberão quanto estresse existe na organização, a menos que os membros das equipes lhes digam – as empresas que lideram essa transformação estão lançando pesquisas de opinião, reuniões abertas com a direção e entrevistas de desligamento como insumos para coletar fatos e chamar a atenção para os problemas que os trabalhadores estão enfrentando.
Conclusões
A pesquisa reconheceu que, sendo afastado
o estigma associado a falar sobre questões de saúde mental, as pessoas agora podem
dizer: “não estou me sentindo bem hoje” ou “estou cansado” ou “estou tendo
problemas em casa”. O que é um feedback fundamental para a formulação
de soluções adequadas e que contribuam para que a direção esteja atenda e
identifique quaisquer impactos específicos no negócio para investigação
adicional.
Resultados dessas práticas já se fazem sentir, com melhoria nos níveis de empatia – e, consequentemente, determinação das lideranças para agir – na atenção aos altos níveis de rotatividade, estresse e esgotamento de funcionários em sua força de trabalho, bem como nas iniciativas para propor e compartilhar ideias sobre como resolver esses problemas urgentes. Exemplos foram detalhados, com menção a empresas do segmentos de serviços financeiros, companhias aéreas e tecnologia, entre outras.
O
estudo mostrou, em suas conclusões, que um processo consistente para monitorar o
bem-estar dos empregados permite que os empregadores identifiquem problemas
antes que eles aumentem e, então, disponibilizem ajuda oportuna. Em termos numéricos, o artigo forneceu dados animadores na medida em que, das mais de 1.000 empresas estudadas,
cerca de 15% agora pensam no bem-estar geral dos funcionários como parte
integrante de sua estratégia.
O
trabalho é concluído com a afirmativa de que “agora, mais do que nunca, é hora
de pensar na experiência do funcionário de forma mais holística”, haja
vista ter sido identificado inequivocamente que a saúde mental é o benefício
mais requisitado pelos trabalhadores e que, como consequência, a direção, líderes
em geral e trabalhadores em todos os níveis passarem a defender uma abordagem
proativa relativamente à saúde mental.
E tudo
isso encarado como uma estratégia de negócios sólida e abrangente e não como algo meramente assistencialista.
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