sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Criatividade e inovação - Desafios para as lideranças

Observatório JB traz nesta postagem informações, comentários e um resumo sobre artigos e pesquisas abordando conceitos e práticas da criatividade e da inovação no âmbito empresarial. Sempre considerado como componente importante para a manutenção e progressão das organizações, com o ritmo frenético das atuais transformações o assunto assume status de tema estratégico para todas as empresas.

Tempo aproximado de leitura:  8 minutos  

A ideia

Empresários, executivos e especialistas concordam que a criatividade e a inovação contribuem diretamente para uma vantagem competitiva consistente

Há estudos indicando que empresas com cultura voltada para a inovação são três vezes mais lucrativasPor isso, não sem motivo, os líderes costumam indicar que a criatividade e a inovação são componentes essenciais do sucesso empresarial.

Ainda assim, todos já devem ter notado que a maioria das organizações têm problemas para trabalhar com a criatividade dos empregados.

Especialistas descrevem a liderança criativa como aquela que inspira e estimula a criatividade, a solução de problemas e a inovação nas equipes - em especial, e na organização como um todo.

Os fatos

A empresa de consultoria global PwC realizou pesquisa com 1.379 CEOs e identificou que a “inovação” era a principal prioridade para a maioria das empresas. Evidência disso foi o achado, antes da pandemia, de que 77% dos CEOs lutavam para formar equipes com pessoas possuidoras da capacidade de criatividade e inovação.

Em 2020, análise feita pelo LinkedIn classificou a “criatividade” como a habilidade flexível mais solicitada diante do cenário de crise gerado pela covid-19.

Ainda assim, foram identificados comportamentos sutis e profundamente arraigados nas empresas que as impedem de cultivar e manter uma cultura criativa. Esses comportamentos exprimem a materialização de algumas crenças que vêm se provando enganosas e, na prática, prejudicam a ação criativa no trabalho – o que é grave, principalmente  no momento em que essa ação se faz extremamente necessária.

Especialistas em organização, com atuação no meio acadêmico e em empresas, conduziram estudos combinados que identificaram diversos problemas e apontaram três desafios que devem ser superados pelas lideranças para construir culturas que produzam criatividade e inovação de maneira eficaz.

Lideranças que estimulam a criatividade e a inovação inspiram e estimulam a solução de problemas e a experimentação, na equipe e na organização como um todo.


1. A ilusão da produtividade

Tem ponto de partida no equívoco de que qualquer aparente lentidão na tomada de decisões sufoca a inovação - porque, entendem, a produtividade exige velocidade.
A experiência tem mostrado que, quando o problema é complexo, estímulos à pronta ação de inovação podem até ajudar a dirigir as pessoas para a ação, mas a tendência é produzir uma conclusão prematura e com qualidade insatisfatória.

Ainda assim, as lideranças cometem este engano por não considerar que a tentativa de resolver os problemas muito rapidamente, especialmente se forem complexos, é prejudicial à inovação porque provoca resultados pobres e insuficientes.

Especialistas recomendam que, para evitar a conclusão prematura, as equipes devem chegar a uma decisão “quase final” e, então, adiar intencionalmente a ação em favor de um tempo de incubação adicional.

Complementam afirmando que algumas das melhores soluções não surgem na reunião inicial ou em duas, mas após um período de incubação mais longo.


2. A ilusão da inteligência

É sabido que o pensamento criativo é mais exigente do ponto de vista cognitivo do que o pensamento lógico. Logo, é uma habilidade de ordem superior. Na prática, significa dizer que analisar uma ideia (incluindo aqui criticar) é mais fácil do que sintetizar uma nova ideia ou conceito de fontes múltiplas.

Isto ocorre porque, ao tentar combinar diferentes ideias ou perspectivas, o cérebro trabalha em “overdrive” - envolvendo as redes neurais e tentando múltiplas combinações em rápida sucessão para encontrar uma solução que possa funcionar. A memória de trabalho é mais sobrecarregada, pois todos os elementos precisam ser retidos durante o processamento.

Ainda assim, na vida prática, as pessoas que se envolvem em críticas negativas e complexas parecerem mais competentes e acabam sendo recompensadas pela organização. Chamada de “armadilha da conversa inteligente” essa atitude frequentemente é recebida como assertiva e efetivamente recompensada. Tanto assim que, em geral, quando essas pessoas são colocadas diante do desafio do processo de criação ou inovação, produzem respostas – no máximo - medianas.

Especialistas recomendam que as lideranças melhorem a criatividade do grupo prestando muita atenção em como as ideias são discutidas nos diversos ambientes em que circula. De forma complementar, eles devem encorajar os membros da equipe a desenvolver as ideias uns dos outros, em vez de promover ideias individuais e submetê-las à crítica, tão somente.

 

Lideranças que estimula a criatividade e a inovação desenvolvem e empregam processos de pensamento que combinam, principalmente, imaginação, insight, inovação, intuição, inspiração e originalidade


3. A Ilusão do brainstorming

Quando se pede às pessoas que descrevam uma sessão de brainstorming ideal, os elementos mais comuns que se ouve são: pessoas se reunindo, um clima energético e empolgante e muitas ideias voando pela sala. Simplificando, a maioria das equipes associa a ideação bem-sucedida com o trabalho em grupo. 

O que, surpreendentemente, não é verdade.

O brainstorming em grupo parece mais produtivo, não por causa do número de ideias que são produzidas, mas por causa dos efeitos sociais.

Ainda assim, o engano se dá porque a conexão social vivenciada durante o brainstorming nos torna mais felizes e confundimos isso com produtividade.

Especialistas recomendam que, para promover ideias mais criativas, as lideranças devem utilizar ferramentas simples para capturar ideias individuais antes que sejam abertas a todo o grupo. Uma boa indicação é conduzir as discussões em grupo de forma assíncrona, de tal modo que os membros da equipe olhem para as ideias uns dos outros e as usem para refinar e criar novas ideias. Uma conclusão que foi evidenciada pelo sucesso de processos criativos e de inovação, em ritmo de trabalho remoto, durante a pandemia.

 

Concluindo

Liderar com foco voltado para a criatividade e inovação, em qualquer empresa, requer:

§  apoiar um compromisso político claro e consistente;

§  exercer estilo de liderança inclusivo;

§  operar com estrutura organizacional integrada, e

§  manter força de trabalho engajada.

Para quem gosta de uma definição, líderes criativos são aqueles que inspiram e estimulam a criatividade, a solução de problemas e a inovação nas suas equipes - em especial - e na organização como um todo.

Eles desenvolvem e empregam processos de pensamento que combinam, principalmente, imaginação, insight, inovação, intuição, inspiração e originalidade.

Agregando valor aos processos de criatividade e inovação e, por extensão, aos resultados empresariais.


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Referências sobre pesquisas e conceitos citados:

https://www.pwc.com/gx/en/ceo-survey/2017/deep-dives/ceo-survey-global-talent.pdf

https://www.linkedin.com/business/learning/blog/learning-and-development/most-in-demand-skills-2020

https://www.nytimes.com/2021/06/21/technology/sundar-pichai-google.html

https://hbr.org/1999/05/the-smart-talk-trap

https://hbr.org/2021/11/3-common-fallacies-about-creativity?utm_medium=email&utm_source=newsletter_daily&utm_campaign=dailyalert_notactsubs&deliveryName=DM162469

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sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Trabalho híbrido - absorvendo o novo com boa gestão

Observatório JB traz nesta postagem informações e comentários sobre depoimentos, resultados de  pesquisas e outros trabalhos, resumidos a partir de publicação recente da Harvard Business Review (HBR) que aborda como equipes de liderança experientes estão lutando para navegar na mudança para o trabalho híbrido e manter uma cultura de excelência nessa travessia.
Interessante matéria combinando premissas de gestão já consagradas e novas soluções para as situações atuais no mundo do trabalho
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Tempo aproximado de leitura:  8 minutos 

Em uma primeira impressão, considerando o que se tem lido e ouvido sobre as recentes mudanças do trabalho, pode parecer “mais do mesmo”. Só que não...

E o assunto é de utilidade para todas as empresas.

Porque pesquisas e depoimentos sobre como equipes de liderança experientes estão lutando para navegar na mudança para o trabalho híbrido e manter uma cultura de excelência podem nos ajudar nessa travessia.

Mesmo para quem esteja em atividades que permaneceram presenciais todo o tempo, é uma ótima oportunidade para entender e aprender a lidar com possíveis questões que estão presentes em outras empresas – clientes, fornecedores, parceiros etc.


Trabalhar com equipes híbridas requer utilizar novas habilidades - para todos.

Embora o híbrido seja frequentemente apresentado como um novo modelo, os fundamentos do que transforma um grupo de pessoas em uma equipe excepcional não mudaram tanto quanto podemos pensar

Vejamos alguns exemplos do trabalho da HBR.

1. Executivos de operações estimulam o monitoramento semanal de suas equipes para verificar como estão se sentindo, mas admitem que seu chefe, o CEO, não tem ideia do que significa quando as avaliações mudam.

2. Em uma empresa de consultoria mundial de 30.000 pessoas foi observado que a pandemia tem sido ótima para sócios seniores que não precisam mais viajar pelo mundo e estão se mudando para paraísos de baixo custo como as Bermudas, mas péssima para associados que perdem o treinamento e o aprendizado dos tempos anteriores”.

3. Um CEO de empresa varejista de 50.000 pessoas afirma que ,não acha justo que a equipe de varejo tenha que estar em suas lojas enquanto os executivos e gerentes seniores trabalham de casa mas os funcionários do escritório não querem voltar e ele tem medo de perder membros da equipe.

Com base em questões como estas e outras identificadas em pesquisa de campo, os autores propõem 5 novas regras do trabalho híbrido, sugerindo como os líderes podem aplicá-las para formar grandes equipes, mesmo quando elas não estão juntas o tempo todo. Vejam o resumo.

Algumas delas mantém a linha das “velhas” diretrizes: significado e propósito, por exemplo, importam mais do que nunca em um modelo híbrido. Mas outros são novos. 

É importante saber utilizar a mudança para o híbrido como uma oportunidade para identificar lacunas culturais e definir novas normas para criar uma cultura melhor e mais forte.

Vejamos um resumo do que dizem os especialistas:

1. Faça o trabalho orientado para o propósito, ou seja, todas as atividades e projetos devem ser orientados para a missão.

A pesquisa mostra que as pessoas que não sentem que seu trabalho contribui para a missão da empresa têm 630% mais chances de deixar o emprego do que seus colegas que o fazem.

A maneira de ajudar os funcionários a redescobrir o propósito de seu trabalho é fazer com que todas as tarefas e projetos sejam orientados para a missão, com ações como, por exemplo: iniciar reuniões importantes com "reflexões", histórias ou vídeos que reconhecem as dificuldades e apontam para o futuro; vincular (dentro da equipe) o trabalho de cada membro ao panorama geral enfocando porque o que eles fazem é importante para o mundo. Sempre enfocando a importância do trabalho, o impacto em outras pessoas e como isso se encaixa na missão mais ampla da empresa.

2. Confie em seu pessoal mais do que se sentir confortável. Incentive os gerentes a oferecer orientações, não diretivas - trilhas e não trilhos. Para ajudar as equipes híbridas a ter sucesso, os gerentes devem delinear claramente os alvos que gostariam que seus relatórios atingissem - e então deixá-los descobrir como chegar lá.

Nessa linha, segundo pesquisa mencionada na HBR as equipes que apresentam os índices mais altos de confiança e segurança psicológica são 40% mais produtivas do que aquelas que não têm nessas áreas.

3. Aprenda nos pequenos momentos. Tire as pessoas da sua zona de conforto - e a você mesmo.

No trabalho híbrido, inevitavelmente, podemos perder os pequenos momentos que tornam o trabalho em equipe mágico e estimulam a inovação. O artigo cita como exemplo o Google News como um resultado de uma conversa casual entre dois funcionários próximos um do outro na fila do almoço. E o artigo da HBR arremata: “Em um escritório, esses tipos de interação acontecem naturalmente; em um cenário remoto, eles caem no esquecimento e, com o tempo, isso é altamente prejudicial”.

Citando exemplo de ações úteis são alinhadas iniciativas como encorajar os funcionários com estímulos como "fale com um membro da equipe hoje" ou "não há problema em fazer muitas perguntas"

Monitorando a prática a pesquisa apurou que, após seis meses recebendo esses tipos de “cutucões” personalizados, 90% das equipes de uma empresa Fortune 500 disseram que notaram que seus gerentes estavam fazendo melhorias claras.

4. Forneça clareza. Seja mais decidido do que seria o seu normal.  Quando se trata da direção, das políticas e dos valores da empresa, ser claro é a coisa mais gentil que você pode fazer - mesmo que sua decisão seja impopular. Quando as pessoas sabem o que está acontecendo, elas podem fazer as melhores escolhas para si mesmas. É a ambiguidade quase nunca é positiva. Ao contrário, parece mais punitiva.

Um exemplo citado, bastante prático é: “em vez de deixar que os gerentes determinem quando as pessoas devem vir ao escritório, reúna todos às quartas-feiras. Ou terças-feiras. Ou quintas-feiras. O importante é escolher um dia em que a maioria dos funcionários esteja presencial - e não sobrecarregar ainda mais os gerentes já exaustos”. 

Isso evita que um mau gerenciamento em uma equipe, comparativamente a outra mais liberal e efetiva, crie uma feroz competição interna (e migração) de talentos dentro de sua própria empresa.

5. Inclua todos. Dê uma boa olhada no espelho. Parte da razão pela qual as pessoas não querem voltar aos escritórios é provavelmente que eles não eram espaços inclusivos.

O artigo recomenda utilizar a mudança para o híbrido como uma oportunidade para identificar lacunas culturais e definir novas normas para criar uma cultura melhor e mais forte. E recomenda, entre outras ações, tornar os critérios de avaliação tão claros quanto possível: quanto mais explícita a rubrica, menos espaço para preconceitos.

Concluindo

Até o ponto em que é possível ser conclusivo neste tema, especialistas de saúde e do trabalho dizem que essas condições não devem se alterar nos próximos 12 a 18 meses – e que, por isso mesmo, os líderes precisam mudar, a fim de apoiar sua força de trabalho e criar culturas de classe mundial.

Não importando onde seu pessoal trabalhe ou o tamanho da empresa.

 

Leia o artigo na íntegra em:

https://hbr.org/2021/11/5-new-rules-for-leading-a-hybrid-team?utm_medium=email&utm_source=newsletter_daily&utm_campaign=dailyalert_notactsubs&deliveryName=DM161285

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