Observatório JB traz nesta postagem informações, comentários e um resumo sobre artigos e pesquisas abordando conceitos e práticas da criatividade e da inovação no âmbito empresarial. Sempre considerado como componente importante para a manutenção e progressão das organizações, com o ritmo frenético das atuais transformações o assunto assume status de tema estratégico para todas as empresas.
Tempo aproximado de leitura: 8 minutos
A ideia
Empresários, executivos e especialistas concordam que a criatividade e a inovação contribuem diretamente para uma vantagem competitiva consistente.
Há estudos indicando que empresas com cultura voltada para a inovação são três vezes mais lucrativas. Por isso, não sem motivo, os líderes costumam indicar que a criatividade e a inovação são componentes essenciais do sucesso empresarial.
Ainda
assim, todos já devem ter notado que a maioria das organizações têm
problemas para trabalhar com a criatividade dos empregados.
Especialistas descrevem a liderança criativa como aquela que inspira e estimula a criatividade, a solução de problemas e a inovação nas equipes - em especial, e na organização como um todo.
Os fatos
A
empresa de consultoria global PwC realizou pesquisa com 1.379 CEOs e
identificou que a “inovação” era a principal prioridade para a maioria das empresas.
Evidência disso foi o achado, antes da pandemia, de que 77% dos CEOs lutavam para
formar equipes com pessoas possuidoras da capacidade de criatividade e inovação.
Em
2020, análise feita pelo LinkedIn classificou a “criatividade” como a
habilidade flexível mais solicitada diante do cenário de crise gerado pela covid-19.
Ainda
assim, foram identificados comportamentos sutis e profundamente arraigados
nas empresas que as impedem de cultivar e manter uma cultura criativa. Esses comportamentos
exprimem a materialização de algumas crenças que vêm se provando enganosas e,
na prática, prejudicam a ação criativa no trabalho – o que é grave, principalmente no momento em que essa ação se faz extremamente necessária.
Especialistas em organização,
com atuação no meio acadêmico e em empresas, conduziram estudos combinados que
identificaram diversos problemas e apontaram três desafios que devem ser superados pelas lideranças para construir culturas que produzam
criatividade e inovação de maneira eficaz.
Lideranças que estimulam a criatividade e a inovação inspiram e estimulam a solução de problemas e a experimentação, na equipe e na organização como um todo.
1. A ilusão da produtividade
Tem ponto
de partida no equívoco de que qualquer aparente lentidão na tomada de decisões
sufoca a inovação - porque, entendem, a produtividade exige velocidade.
A experiência tem mostrado que, quando o problema é complexo, estímulos à
pronta ação de inovação podem até ajudar a dirigir as pessoas para a ação, mas
a tendência é produzir uma conclusão prematura e com qualidade insatisfatória.
Ainda
assim, as lideranças cometem este engano por não considerar que a tentativa
de resolver os problemas muito rapidamente, especialmente se forem complexos, é
prejudicial à inovação porque provoca resultados pobres e insuficientes.
Especialistas recomendam que, para evitar a conclusão prematura, as equipes devem chegar a uma
decisão “quase final” e, então, adiar intencionalmente a ação em favor
de um tempo de incubação adicional.
Complementam afirmando que “algumas das melhores soluções não surgem na reunião inicial ou em duas, mas após um período de incubação mais longo”.
2. A ilusão da inteligência
É sabido que o
pensamento criativo é mais exigente do ponto de vista cognitivo do que o
pensamento lógico. Logo, é uma habilidade de ordem superior. Na prática,
significa dizer que analisar uma ideia (incluindo aqui criticar) é mais fácil
do que sintetizar uma nova ideia ou conceito de fontes múltiplas.
Isto ocorre porque, ao
tentar combinar diferentes ideias ou perspectivas, o cérebro trabalha em “overdrive”
- envolvendo as redes neurais e tentando múltiplas combinações em rápida
sucessão para encontrar uma solução que possa funcionar. A memória de trabalho
é mais sobrecarregada, pois todos os elementos precisam ser retidos durante o
processamento.
Ainda assim, na
vida prática, as pessoas que se envolvem em críticas negativas e complexas parecerem
mais competentes e acabam sendo recompensadas pela organização. Chamada de “armadilha
da conversa inteligente” essa atitude frequentemente é recebida como
assertiva e efetivamente recompensada. Tanto assim que, em geral, quando essas
pessoas são colocadas diante do desafio do processo de criação ou inovação,
produzem respostas – no máximo - medianas.
Especialistas recomendam que as lideranças melhorem a criatividade do grupo prestando muita atenção
em como as ideias são discutidas nos diversos ambientes em que circula. De
forma complementar, eles devem encorajar os membros da equipe a desenvolver as
ideias uns dos outros, em vez de promover ideias individuais e submetê-las à crítica, tão somente.
3. A Ilusão do brainstorming
Quando se pede às pessoas que descrevam uma sessão de brainstorming ideal, os elementos mais comuns que se ouve são: pessoas se reunindo, um clima energético e empolgante e muitas ideias voando pela sala. Simplificando, a maioria das equipes associa a ideação bem-sucedida com o trabalho em grupo.
O que, surpreendentemente, não é verdade.
O brainstorming
em grupo parece mais produtivo, não por causa do número de ideias que são
produzidas, mas por causa dos efeitos sociais.
Ainda assim, o
engano se dá porque a conexão social vivenciada durante o brainstorming nos
torna mais felizes e confundimos isso com produtividade.
Especialistas recomendam que, para promover ideias mais criativas, as lideranças devem utilizar ferramentas
simples para capturar ideias individuais antes que sejam abertas a todo o
grupo. Uma boa indicação é conduzir as discussões em grupo de forma assíncrona, de
tal modo que os membros da equipe olhem para as ideias uns dos outros e as usem
para refinar e criar novas ideias. Uma conclusão que foi evidenciada pelo sucesso de processos criativos e de inovação, em ritmo de trabalho remoto, durante a pandemia.
Concluindo
Liderar com foco voltado para a criatividade e inovação, em qualquer empresa, requer:
§
apoiar um compromisso político claro e
consistente;
§
exercer estilo de liderança inclusivo;
§
operar com estrutura organizacional integrada, e
§
manter força de trabalho engajada.
Para quem gosta de uma definição, líderes criativos são aqueles que inspiram
e estimulam a criatividade, a solução de problemas e a inovação nas suas
equipes - em especial - e na organização como um todo.
Eles desenvolvem e
empregam processos de pensamento que combinam, principalmente, imaginação, insight,
inovação, intuição, inspiração e originalidade.
Agregando valor aos processos de criatividade e inovação e, por extensão, aos resultados empresariais.
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Referências sobre pesquisas e conceitos citados:
https://www.pwc.com/gx/en/ceo-survey/2017/deep-dives/ceo-survey-global-talent.pdf
https://www.linkedin.com/business/learning/blog/learning-and-development/most-in-demand-skills-2020
https://www.nytimes.com/2021/06/21/technology/sundar-pichai-google.html
https://hbr.org/1999/05/the-smart-talk-trap
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