Observatório JB traz, nesta postagem, resultados de observações e orientações práticas para atuação assertiva das lideranças nesses tempos difíceis, momentos em que parte da rotina corporativa inclui a convivência com demissões, os cortes orçamentários e um contexto de eventos preocupantes no país e no mundo globalizado.
Tempo aproximado de leitura - 8 minutos
Momentos difíceis estão atualmente muito presentes na rotina das empresas. A convivência com demissões, cortes orçamentários e um contexto de eventos preocupantes no país e no mundo globalizado, frequentam o seu dia a dia e desafiam a capacidade de gestão das lideranças.
A situação atual é preocupante para as empresas que estejam arrastando dificuldades ou resistindo a se ajustar à realidade imposta pelas circunstâncias - covid-19, problemas econômicos e financeiros, guerras e ameaças de guerras.
O estudo
Trabalho produzido recentemente pela Harvard Business Review (HBR) demonstra que, nos dias de hoje, a motivação da força de trabalho está diminuindo e, além disso, põe em pauta os vários motivos possíveis: o medo causado por uma economia em desaceleração; poucas oportunidades de progressão profissional, e a rotatividade de pessoal de alta especialização e/ou performance, deixando para trás os seus locais de trabalho com ambientes empresariais tóxicos - prioritariamente por conta de líderes desrespeitosos.
Como pano de fundo o estudo indica ainda a
pressão inflacionária nos bolsos da população e um cenário político cada vez
mais polarizador e incerto, que concorre com eventos globais sucessivos e preocupantes
– que vão de epidemias a guerras, e até catástrofes naturais.
Com a direção das empresas e os líderes, em geral, percebendo
o sentimento de tristeza e a angústia em suas equipes a principal questão que lhes pressiona diz respeito ao que podem fazer para conter a queda na motivação do seu pessoal.
O estudo da HBR identificou que, em muito dos casos, as iniciativas tomadas para
minimizar essa queda de motivação e elevar o moral das equipes podem ser bem
intencionadas, mas apenas fazem a situação, que é ruim, ficar ainda pior para o
ambiente corporativo.
Na prática, recomenda o artigo, antes de tomar alguma
iniciativa é importante lembrar que não há uma abordagem única para isso. Primeiramente
porque as pessoas têm percepções diferentes e individuais da situação e,
também, porque a motivação pode ser produzida diferentemente de acordo com a
visão de mundo e particularidades de comportamento de cada um.
E principalmente porque – acrescenta o
trabalho da HBR - "a motivação de uma pessoa é um conjunto complexo de
emoções, incluindo excitação, alegria, desejo, paixão e esperança, derivadas de
um conjunto de habilidades e traços, incluindo resiliência, otimismo,
autoconfiança e ambição".
Ou seja, não estamos diante de um quadro que permita o fácil sucesso para terapeutas amadores – no caso, os líderes agindo isoladamente. Em um cenário dessa natureza o papel das lideranças é descobrir o que pode estar na raiz da motivação perdida de um colaborador e ajudá-lo a fazer as escolhas necessárias para redescobri-la ao longo do tempo, contando com suporte profissional especializado que proporcione condições para administrar tais situações.
Os líderes estão percebendo a sensação
de tristeza e angústia em suas equipes e se perguntando o que podem fazer para
conter a desmotivação.
Decisões assertivas
O estudo alinha
algumas maneiras de começar a atuar, indicando aos líderes perspectivas e exemplos de formas de ação, como os resumidos a seguir:
Sobre notícias
difíceis
Não adoce - oferecer
falsas garantias de que as coisas vão ficar bem ou apontar o lado positivo
invalida a dor e o medo que as pessoas podem estar sentindo.
Não se defenda - desapontamento compreensível ou ressentimento por cortes
orçamentários, demissões ou outras notícias difíceis, apresentados pelas pessoas, devem ser aceitos com
cortesia – mas sem tolerar desrespeito ou comportamento ofensivo.
Sobre ambiente pesado
Culpa - Se houve necessidade de demitir pessoas, as que
permaneceram podem estar lidando com a "culpa do sobrevivente". Comunicar-se de forma consistente e transparente estimula os outros a serem honestos sobre
como estão se sentindo.
Decisões
difíceis – incluir a equipe, ou pelo menos membros mais experientes na tomada
de decisões é sempre útil. A experiência mostra que é comum a equipe ser mais dura consigo
mesma do que o líder seria, mas ela também aponta soluções em aspectos que a
liderança provavelmente não tem visibilidade.
Sobre cuidado e apreço aos colaboradores com dificuldades
A essência das necessidades - o que as
pessoas realmente precisam é geralmente muito mais simples e prático. Atenção e empatia são decisivas.
Priorização do
trabalho – incluir os membros da equipe para redefinir as prioridades do trabalho
quando a capacidade for reduzida costuma produzir bons resultados, permitindo que a equipe faça recomendações dirigidas
sobre qual trabalho pausar ou cortar.
Disponibilidade - distanciar-se
apenas reforçará os medos, a amargura e impedirá que os componentes da equipe
percebam que o líder realmente se importa com eles. Ser acessível e deixá-los
saber que há espaço para conversar, ouvir e compartilhar suas perspectivas, pode
fazer a diferença positivamente.
Apreço pelo
esforço e perseverança - quando as pessoas estão cansadas e
emocionalmente esgotadas, podem facilmente se sentir isoladas e
desvalorizadas. Quando possível, o líder deve incentivar os membros da
equipe fatigados a tirar algum tempo do trabalho para recomposição.
Sobre a importância do
Exemplo
Gerenciar as
próprias emoções de forma produtiva - não há problema no fato de o líder admitir que
está sentindo angústia ou tristeza e compartilhar maneiras produtivas de
lidar com essas emoções. Ao demonstrar que é seguro reconhecer
ressentimentos, o líder torna seguro para os outros fazerem o mesmo e cria um
senso coletivo de comunidade e apoio.
Modelo de
autocuidado - todos sabemos a importância de exercício, descanso, alimentação
saudável e boa higiene mental, principalmente em tempos de estresse intenso. Se
a equipe vê o seu líder cuidando de si mesmo, isso os torna mais propensos a
seguir o exemplo.
Demonstrar
resiliência – A incerteza muitas vezes gera perguntas sem resposta e as pessoas naturalmente querem impor a certeza
onde ela não existe. Falar abertamente sobre como está lidando com o
desconhecido e como distinguir o que pode controlar do que não pode é um papel
(e uma virtude) do líder.
Resumindo
O artigo da HBR deixa bem claro que, em situações como as descritas, em vez de buscar uma conversa estimulante, promover um evento de equipe ou um bom jantar de confraternização - clichês de tantas orientações para gestão de equipes - é de maior validade considerar que experiências emocionais mais profundas e confusas estão por trás das consequências desses tempos difíceis. E buscar ajuda especializada.
No Brasil, especificamente, especialistas identificaram que as empresas estão se aperfeiçoando - outras se transformando - com investimentos em gestão de pessoas, para reter uma força de trabalho produtiva, dedicada... e saudável. Por outro lado, segundo a OMS, transtornos mentais e de comportamento são, no país, a 3ª causa de incapacidade para o trabalho. Uma em cada cinco pessoas podem sofrer de algum mal de saúde mental na empresa.
Ambos os fatos combinados fazem com que sejam identificados movimentos no sentido de atrair e manter uma força de trabalho motivada e com alto desempenho. Pesquisas indicam ações como por exemplo:
Em benefícios – cada vez mais força o conceito de cesta de benefícios - já abordado neste espaço – que flexibiliza as possibilidades de escolha pelo trabalhador, ajustando-os ao seu interesse pessoal e produzindo: maior satisfação para os colaboradores; e melhor retorno do valor investido pela empresa.
Como novos itens com destaque nestes pacote merecem destaque o “auxílio home office”, descontos em academias, assinaturas de apps para o bem estar, e opções em planos de previdência privada.
Em atenção e cuidados – pensando na promoção
da saúde mental no ambiente da empresa, especialistas recomendam ações como: divulgação
de informações sobre estratégias para a saúde mental (via murais, blogs, apps
etc.); parceria com profissionais e clínicas de psicologia para orientação e
atendimento pessoal; programas de gerenciamento
Tudo isto mostra que as atitudes mais efetivas das lideranças passam pela produção de circunstâncias para que as pessoas possam se sentir compreendidas, reconhecidas e apoiadas, a fim de que possam encontrar o caminho de volta ao seu prumo (ou um novo prumo) e alcançar níveis mais altos de motivação.
Leia o artigo da HBR Na íntegra em:
========
Informações detalhadas, pedido de reunião ou interesse em temas afins: contato@jbconsul.com.br
ou (21) 9999-52440 (também no WhatsApp)