Observatório JB traz nesta postagem informações sobre aspectos que são importantes para qualquer pessoa, mas decisivos para líderes e gestores; o estabelecimento de prioridades em um ambiente de negócios repleto de demandas e expectativas por orientações, respostas etc. Tudo isso, às vezes sob risco de um custo elevado na qualidade de vida das pessoas envolvidas.
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Você, que tem uma enorme dificuldade em dizer “não”, grave bem esta
informação: ninguém veio a este mundo para atender expectativas de outra pessoa
(ou pessoas).
Tal afirmativa parte de definição contida em um poema de Fritz
Perls1, muito conhecido no meio da psicologia – psicoterapeutas em
especial - e pode ser amenizada em seus aspectos mais individualistas ao
considerarmos a importância da reciprocidade, da comunhão de interesses e
outros típicos das relações construtivas, adultas e igualitárias2.
Mas quando nos vem à mente a imagem de alguém tentando assumir a
todos os encargos que passam pela sua frente, por conta de agradar ou atender
aos demandantes ou pelo receio de que as pessoas fiquem aborrecidas ao não
terem suas vontades satisfeitas, estamos diante de um indivíduo com caminho
aberto para a exaustão, o sentimento de menos valia, a incapacidade de
administrar o seu espaço de vida (mais grave que não administrar o seu tempo),
o estresse e a depressão; além de um roteiro certo para o insucesso
profissional. E se essa pessoa exerce uma função de liderança, então, isso pode
representar um peso para a sua equipe. Porque ninguém consegue atender
adequada, pronta e plenamente a todas as pessoas em todos os momentos.
Alguns felizardos, que sequer imaginam tal situação, perguntarão: e
existe alguém que tenta fazer isso? Eu respondo que sim, meus caros. E
complemento afirmando: muito mais do que vocês possam imaginar! São aquelas
pessoas conhecidas de todos, que aceitam encargos em maior quantidade e
complexidade do que suportam, encadeiam compromissos na sua agenda além da
capacidade física e cronológica de atendê-los, realizam ou participam em alguma
atividade fisicamente presentes no local do evento, mas “com a cabeça” em outro
cenário. Quase sempre estão atrasados, preocupados, desatentos e chegam ao
final do dia - ou da semana - exaustos e com um enorme sentimento de incapacidade
por não ter conseguido dar conta daquilo com o que se comprometeu.
Agora provavelmente esteja mais claro quem sejam essas pessoas.
Diria até melhor: agora talvez tenhamos mais leitores conseguindo ver a sua
própria projeção nessa exposição acima. Passemos então ao que pode ser feito
para diminuir ou eliminar essa dependência, no sentido de buscar o equilíbrio
entre o demandado e o possível, o desejado e o razoável, o ótimo e o bom.
O primeiro passo, como sugere o nosso título de hoje, está no
estabelecimento de prioridades; coisa que muitos de nós já fazemos
intuitivamente – não necessariamente sempre de forma produtiva – quando optamos
por destinar o nosso tempo, a nossa atenção, a nossa energia, enfim, para
determinada ação e não para outra; comparecer a um determinado compromisso e
não a outro, etc. E fixar prioridades significa, antes de tudo, definir as
atividades por grau de relevância de acordo com a importância devida para o
foco da sua atenção no trabalho, na família, nos grupos sociais, etc.
O segundo passo é estabelecer um programa de melhoria no sentido de
não assumir responsabilidades maiores ou em maior quantidade do que pode,
preparando-se para o “momento da verdade” em que algo vai ser proposto ou
pedido a você e suas prioridades já estarão lotadas.
Sugerimos 7 lembretes básicos
como ponto de partida para que o seu trabalho de melhoria individual tenha
êxito:
1. Não adie a resposta. Vá direto ao ponto.
“Não” antes é melhor que o “não” depois.
2. Não invente desculpas ou mentiras. Justifique
com fundamentos, se necessário.
3. Use a expressão corporal para dizer “não”
previamente à sua fala. Um gestual bem significativo já fornece um indicador
razoável para diminuir o impacto do “não” verbal.
4. Se você não quer ou não pode fazer algo,
prometa (primeiro) a si mesmo não alterar a sua posição.
5. Se for para negar a um superior (daqueles
que mudam a prioridade a toda hora), exponha a sua lista de prioridades e deixe
que ele resolva, alterando a ordem já estabelecida.
6. Querendo ser direto, mas light, diga algo como: “desculpe, mas
tenho outras prioridades neste momento” ou “tenho tantos compromissos neste
momento que não posso assumir mais nada”.
7. Ao pedido de um colega ou subordinado
para fazer algo por ele, uma boa alternativa é sugerir: “posso mostrar a você
como fazer em vez de assumir isto neste momento”.
Alguém poderá lembrar: e as urgências?
Não sejamos ingênuos ao ponto de assumir que será possível viver sem as urgências; afinal, em todas as atividades e em todos os momentos, elas fazem parte da vida e mesmo que tomemos as providências que nos cabem, nossos chefes, parentes, a empresa, o mercado, o governo, alguém, enfim, pode criar situações em que urgências nos causem consequências e incômodos.
Mas como, felizmente, as urgências são eventos em
minoria em nossa rotina de vida, se eliminarmos a possibilidade da ocorrência
daquelas para as quais contribuímos - nosso erro de planejamento, nossa
distração com uma atividade que não era importante para nós, nossa dificuldade
em delegar ou compartilhar atividades que nos causam sobrecarga, por exemplo –
o caminho já fica menos tenso e podemos a voltar a falar em prioridades.
Se nada disso ajudar, penso que a melhor recomendação é buscar
psicoterapia. E nesse caso, lembro, não adianta mais procurar o Dr. Fritz Perls
da nossa citação inicial, pois ele já se foi desde 1970.
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(1)
Psicoterapeuta que desenvolveu a abordagem da psicologia chamada de Gestalt
Terapia (www.fritzperls.com)
(2) http://www.pierreweil.pro.br/ (excelente website)
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