quinta-feira, 7 de abril de 2022

O fim do afastamento social - retomando o contato com as equipes

Observatório JB traz, nesta postagem, referências, observações, resultados de pesquisas e orientações práticas de como os líderes deverão e poderão se conduzir diante do retorno das atividades presenciais nas empresas, considerando os efeitos psicológicos do período da pandemia covid-19 - ainda sem fim definido - e as necessidades dar continuidade aos trabalhos e às relações humanas nesse contexto ainda pouco seguro, com um ambiente positivo e produtivo.

Tempo aproximado de leitura - 8 minutos   

As pessoas

O ser humano tem um impulso social por natureza – todos sabemos disso. Diante da pandemia de covid-19 este impulso precisou ser contido por lockdonws, quarentenas, teletrabalho e outros mecanismos de isolamento social e de autocuidados, visando à preservação das pessoas.

Na medida em que estamos saindo da crise de covid-19 a boa notícia é a possibilidade de darmos vasão a este impulso natural. A má notícia fica por conta dos danos produzidos por essa contenção e das dificuldades para o retorno à rotina diária com confiança, segurança e, enfim, qualidade de vida.

Autocuidados foram imperiosos no período de maior isolamento. E ajudaram. Agora a prioridade é retomar as conexões humanas como mecanismo natural para lidar com efeitos do estresse e de outras formas de sofrimento ocorridas.

Olhando o universo empresarial neste contexto, dirigir a dinâmica das equipes passa a ser competência essencial para todas as lideranças. Apesar de sempre requerida dos líderes, agora é fator decisivo tratar de questões críticas de relacionamento humano, para que o retorno ao trabalho em equipe ocorra com bem-estar genuíno e eficácia operacional. Em bases duradouras.


Pesquisas indicam que, "quando os grupos enquadram a angústia ou a adversidade como um problema coletivo e não individual, as estratégias de enfrentamento comunitárias resultantes reforçam a conexão genuína." 

Estudos e Pesquisas

Estudos recentes publicados pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) fazem considerações interessantes partindo de observações efetivas em empresas nos períodos durante e após as fases mais críticas da crise de covid-19 e observam que “muitos programas de bem-estar corporativo se concentraram em apoiar o autocuidado – associações de academia, aplicativos de meditação ou até mesmo folga remunerada. Como pesquisadores que estudam o bem-estar, a resiliência e a saúde psicológica dos empregados, aplaudimos a preocupação genuína. No entanto, também estamos cada vez mais preocupados que a ênfase no autocuidado possa prejudicar, em vez de apoiar, o bem-estar dos funcionários ...  o cerne do problema está no fato de que o bem-estar humano não é alcançado sozinho: nossa saúde psicológica está fundamentada no apego e na aceitação dos outros. ... de fato, outros estudos recentes (mencionados pelo MIT) sugerem que sentir-se desconectado dos outros é um risco para a saúde tão significativo quanto fumar, consumo excessivo de álcool e falta de atividade física.”

Em um segmento de pesquisa de especialistas do MIT sobre essas condições, estes citam que quando os grupos enquadram a angústia ou a adversidade como um problema coletivo e não individual, as estratégias de enfrentamento comunitárias resultantes reforçam a conexão genuína e uma melhor recuperação”. Por outro lado, verificou-se também que “quando as equipes viam a adversidade como algo a ser enfrentado individualmente, os membros ficavam isolados com sua própria dor, medo ou ansiedade ...  pararam de se comunicar, tornaram-se mais distantes física e socialmente e, na maioria dos casos, o funcionamento da equipe diminuiu, muitas vezes levando a erros e aumento da adversidade.”

    Vida prática

    Partindo de um contexto com necessidades dessa natureza - que é o cenário atual na maioria das organizações e grupos de quaisquer naturezas - e na linha de fornecer alternativas ou, pelo menos, um primeiro passo para pesquisa e preparação de uma abordagem de grupos, segue um breve roteiro com foco em 5 ações voltadas para a saúde mental no trabalho, que permitem identificar as questões presentes, estabelecer compromissos e definir com clareza o tipo de ajuda necessária.


    "Uma vez que a angústia é reconhecida como um problema coletivo, torna-se mais fácil desenvolver soluções coletivas apropriadas".

    1. Comunicação clara – promover conversas com a equipe, falar sobre acertos e erros, ganhos e perdas (das pessoas e da empresa). Elogiar e reforçar pontos fortes, de forma legítima e deixar que falem sobre os problemas: o que parece estar mal e qual o ponto a ser alcançado. E ouvir.
    2. Respeito às individualidadesfazer com que esses momentos fortaleçam o senso de equipe e o bem estar no time e não o contrário. Ser genuíno e factual nas observações e cuidadoso com os comentários: elogios podem ser feitos perante o grupo; críticas individuais, observações sobre falhas ou problemas por comportamentos inadequados, só em particular.
    3. Compartilhamento de desafios – deixar claro que as adversidades enfrentadas são coletivas, para que as pessoas se percebam como parte de uma luta conjunta. Todas ficarão mais abertas a olhar umas para as outras com empatia e a percepção de que estão enfrentando desafios comuns e, por isso, juntas, podem obter êxito - não apenas como indivíduos, mas a própria instituição.
    4. Foco em oportunidades – dar espaço para que as pessoas digam o que pensam sobre o seu momento, da equipe e da empresa. Entender a possibilidade de que a conversa em grupo não seja ampla desde o primeiro encontro - cada pessoa tem um tempo para se tornar mais confiante, segura em se expor ou perceber espaço para questionamento.
    5. Compromisso com a melhoria - reforçar o respeito mútuo e a cooperação entre as pessoas - não apenas nas reuniões, mas, sempre. E desestimular claramente julgamentos, culpas, acusações e outras atitudes similares, ainda que por gestos, olhares e outras formas de comunicação não verbais.

    Reflexões

    As evidências deixam claro que não apenas é possível falar sobre emoções no local de trabalho – fato até então questionado por muitos líderes – como também é necessário. Com atenção, respeito e foco.

    Deixar clara a demarcação entre o que é construtivo e o que não é, em cada ação da liderança, proporciona um processo contínuo de melhoria do ambiente, uma recomposição gradativa das relações em novo patamares e, acima de tudo, é uma oportunidade de verdadeiro aprendizado para todos, não restrita aos momentos de reunião ou às consequências da covid-19.

    Com raízes profundas e resultados benéficos de longo prazo.

    *Referências para leitura: 
    Para o ambiente empresarial: https://www.mit.edu/
    Para o ambiente de ensino: https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/socioemocionais-para-crises.html

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