sexta-feira, 26 de junho de 2020

Liderança em momentos de crise

Liderança e crise são duas palavras que, juntas, podem produzir soluções e resolver problemas - ou fazê-los crescer. 

Tudo depende da ação dos líderes. Como estamos em estado de crise face à pandemia é oportuno repassar conceito e práticas de como é possível fazer a diferença no exercício da liderança porque, nessas circunstâncias, empresários, executivos, líderes em geral e qualquer um de nós - que pode eventualmente liderar algum movimento para superação das dificuldades atuais - deve estar preparado para agir no momento e no sentido certo e produtivo.

Artigo publicado neste mês, pela Harvard Business Review, tendo como tema liderança e como ambiente a pandemia do novo coronavirus, questiona diretamente às lideranças: “Você está liderando em meio à crise ou gerenciando a reação?

Tema e ambiente combinados são de extrema relevância porque uma crise dessas proporções é um teste de força para provar o valor das lideranças em todos os campos de atuação. Além disso, já que com o avanço do covid-19 as situações vão se repetindo em todos os países, as lideranças atentas poderiam aprender algo, às vezes a duras penas, com os acertos e erros ocorridos nos países e negócios alcançados mais cedo pela crise.

Isto porque, não há dúvida, as ações dos empresários, executivos e de suas equipes em meio a esta crise, determinarão significativamente seu destino. Por serem as crises repletas de complexidade e mudança, elas exigem que os empresários e executivos liderem e gerenciem com efetividade. Como equilibrar os pratos dessa balança pode definir o sucesso ou fracasso do líder. A diferença é a atitude.

Diz o artigo de Harvard que "atender às necessidades urgentes do presente é função da gerência. Significa fazer escolhas imediatas e alocar recursos. O ritmo é rápido e as ações são decisivas.” Já quanto ao exercício da liderança, esta "... Seu foco precisa estar no que deve acontecer a seguir e em se preparar para agir. Isso significa ver além do imediato para antever os próximos três, quatro ou cinco obstáculos."

Para o líder, ceder ao fascínio por apagar incêndios, com foco no presente e sem priorizar a análise de médio e longo prazos, significa tornar-se presa de uma armadilha que, em períodos de grande crise, costuma ser fatal para executivos, empresários e suas empresas.


Liderar em meio a uma crise exige uma visão de longo prazo, em contraste com o gerenciamento do presente. É preciso prever o que acontecerá na semana seguinte, no mês seguinte e até no ano seguinte, para preparar a empresa para as mudanças futuras. É necessário delegar e confiar em seus profissionais nos momentos de decisões difíceis, dando suporte e orientação adequados com base em sua experiência, resistindo à tentação de assumir o controle.

Outro aspecto importante é a capacidade de articulação e a noção de que o líder, seja qual for o nível, cargo ou patente, entenda o seu papel e se posicione pronto para exercê-lo naquilo que suas competências são mais efetivas dentro das funções que formalmente lhe cabem, lembrando sempre que em crise os conhecimentos técnicos e específicos devem ser a principal fonte de informação para quem ocupa as posições de poder e mando.

Um excelente exemplo lembrado no artigo da HBR foi da condução do Prefeito de Boston, Deval Patrick, diante da crise produzida pelo atentado que ocorreu durante a famosa Maratona dessa cidade. Durante as investigações, ele tinha por hábito entrar no centro de comando perguntando como poderia ser útil, em vez de dizer às pessoas o que fazer.

“Patrick percebeu que poderia contribuir melhor como comunicador – dando às pessoas esperança pelo futuro como o rosto público do governo, e servindo como intermediário de confiança junto à Casa Branca. Ele também liderou os esforços para garantir que as comunidades de Massachusetts tivessem o apoio necessário para serem resilientes em meio a essa enorme adversidade.”

Em outra publicação, esta nacional, também divulgada neste mês e também com o seu foco na atuação das lideranças diante da crise do covid-19, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) publicou trabalho elaborado pelo ex-presidente executivo da Organização, Jairo Martins.

A publicação, liberada para download na forma de um “Guia Prático de Gestão”, tem em seu bojo um conjunto de ações voltadas para que o Governo, as Empresas e a Sociedade possam lidar com esta crise sanitária de forma mais estruturada e sair mais fortalecidos. É um conjunto de diretrizes para o período de impacto do covid-19 e uma referência para todas as lideranças, dado o amplo espectro de possibilidades de participação ativa no processo, independentemente das condições e da forma como a organização ou empresa foi atingida pela crise.

O Guia, que como sugere o seu título é extremamente prático, organiza as recomendações em uma linha do tempo que considera ações a serem planejadas e executadas antes, durante e depois da pandemia. São citadas, ainda, perspectivas importantes e extremamente dependentes de ações efetivas das lideranças, individualmente e em articulação entre si. A título de ilustração, estão a seguir destacadas algumas ações propostas na publicação à luz de cada ente e, dirigidas especificamente aos momentos durante e depois da pandemia.

GOVERNO

Durante - Definir, disponibilizar e monitorar indicadores, dados e informações oficiais para que possam ajudar nas análises e correspondente tomada de decisões, bem como orientar corretamente a população, sem alardes e sensacionalismos desnecessários e oportunistas.

Depois - Investir em ciência e tecnologia, bem como criar e manter programas de inovação nas universidades, estimulando pesquisas, desenvolvimento de medicamentos e equipamentos médicos e criação de startups, não para serem comercializadas para grandes empresas, mas para prosperar e reduzir as vulnerabilidades do país.

EMPRESAS

Durante - Em alinhamento com as necessidades da população vulnerável, invisível e carente, coordenar com os governos as doações e outras ações solidárias.

Depois - Investir nas corretas tecnologias e na infraestrutura logística para melhorar a eficiência a eficácia e, consequentemente, a competitividade do país, promovendo a correta transformação organizacional.

SOCIEDADE

Durante - Não disseminar informações, utilizando-se das facilidades das mídias sociais, sem pleno conhecimento de causa, pois só servem para espalhar inseguranças e angústias.

Depois - Consumir apenas o essencial, reduzindo o consumo de supérfluos, por pura vaidade e pompa. 

Apesar do contexto a perspectiva de futuro do autor não é pessimista, acreditando que sairemos diferentes dessa situação, revisitando nossos conceitos, valores, costumes, posturas, etc. e partindo para a ação.

O trabalho é uma referência para um período considerável no horizonte do curso da covid-19 e um verdadeiro guia para todas as lideranças, pois apresenta um amplo espectro de possibilidades para uma ativa participação no processo de solução de problemas, independentemente das condições e da forma como a organização ou empresa foi atingida pela crise.

Compete a cada um de nós identificar as ações possíveis, verificar as necessidades do seu ambiente, avaliar a própria capacidade de contribuir na liderança de alguma atividade e...
Colocar mãos à obra.

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