quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Gestão de Crise: Mudanças Bruscas ou Desaceleração

Observatório JB traz nesta postagem análise de artigos e casos sobre empresas que, diante da crise do covid-19, tiveram que decidir entre a realização de mudanças bruscas ou a desaceleração do ritmo com rápido processo de análise e tomada de decisões. A chave do sucesso para a escolha certa é a existência de informações confiáveis sobre o negócio para apoiar a rápida tomada de decisões

Tempo aproximado de leitura:  7 minutos

O início
Quando a pandemia do covid-19 entrou em cena no início de 2020 as empresas, principalmente as menores, tiveram que enfrentar mudanças dramáticas dos mercados e a agilidade estratégica tornou-se decisiva para os negócios.

Inúmeros especialistas defendiam ajustes rápidos com cortes profundos conjugados a mudanças para novos mercados e modelos de negócios alternativos. 

Contudo, há notícias de empresas em segmentos seriamente atingidos, que evitaram fazer ações drásticas de imediato e mantiveram seus modelos de negócios e suas equipes operando, apenas fazendo ajustes sucessivos no seu curso.

Na primeira perspectiva a decisão visava a transformar rápida e plenamente o negócio e, na outra, a determinação foi desacelerar, observar os dados e atacar os pontos de menor resistência.

Entretanto, em nenhum dos casos de sucesso, independentemente da linha de conduta, os negócios ficaram ao sabor do mercado ou foram parar na situação final por consequência da falta de ação. Foram pontos em comum, em ambas as situações: a existência de informações confiáveis para análise e a disposição para um rápido posicionamento estratégico.

Na crise do covid-19 não é razoável falar em surpresa. Desde o final de 2019 o vírus vinha alterando a vida e a economia pelo mundo e dando seu sinal de aproximação gradativa.

Nossa realidade
Naturalmente o segmento de negócio tem influência neste sentido, mas informações para análise e rapidez na tomada de decisão são diferenciais para o sucesso. Em nossa economia, tomando como exemplo um recorte com algumas informações de pesquisa do IBGE (Impacto da Covid-19 nas Empresas) com dados atualizados em agosto, as empresas caminharam no seguinte sentido:
O que dizem os pesquisadores
Artigo da Harvard Business Review publicado neste mês, indica os passos para decisões com ajustes rápidos, com cortes e mudanças drásticas.
1. Tomar as ações drásticas antes da instalação da crise (no caso do covid-19, lembremos que desde o final de 2019 o vírus vinha alterando a vida e a economia de países pelo mundo e dando seu sinal de aproximação gradativa; ou seja, não é razoável falar em surpresa).

2. Discutir e decidir com presteza quanto ao encerramento de linhas, cortes de despesas, produtos e/ou mudança de ênfase nos negócios com base em informações que permitam projeções confiáveis.

Exemplo de caso colhido em trabalho da InfoMoney publicado em agosto, corrobora essa percepção e ilustra ações de agilidade e negociação com fornecedores na gestão da crise, a partir do depoimento de empresários (a seguir).

 

Hamburgueria Cabana, de São Paulo – “Fizemos um controle de custos violento rapidamente. Negociamos com todos os fornecedores prazos e condições e reduzimos ao máximo as despesas. Fizemos também adequações operacionais, como redução e nova gestão do estoque. Essa reorganização rápida em todas as unidades ajudou na retomada. Hoje o Cabana fatura 30% menos do que antes da crise” ... “Chegamos a ficar com um faturamento 70% menor. Então, aos poucos a situação está progredindo”...

A empresa pretende inaugurar nos próximos 40 dias duas novas unidades, uma em Campinas, no interior de São Paulo, e outra em Niterói, no Rio de Janeiro.


Mudanças bruscas de rumo visam a transformar rápida e plenamente o negócio com cortes e mudanças drásticas.


Por outro lado, ainda com base no artigo da HBR  a condução no caminho para as decisões de desacelerar o ritmo precisam passar por alguns passos, a saber:

1. Agir com um tempo útil para reafirmar a sua tese básica e certificar-se de que sua visão do mercado
    futuro ainda é válida: pesquisando; ouvindo clientes; observando resultados do mercado; e
    acompanhando o resultado das medidas tomadas por concorrentes.

2. Planejar cortes evitando reduções drásticas na força de trabalho e priorizar: aproveitamento da queda nos preços para renegociar aluguéis e contratos com fornecedores; realização de cortes marginais nas despesas com folha de pagamento, principalmente por meio da gestão de desempenho, em vez de dispensas ou licenças.

3. Fazer, todo o tempo, análise de novos dados disponíveis: mercados similares; pesquisas de emprego; estudos de outros setores da cadeia produtiva, para ver como eles estavam sendo impactados.

4. Preparar a empresa internamente, analisando não apenas os pontos fracos da concorrência, mas também os seus próprios: observando possibilidades de choques e rupturas no segmento; simulando ações e respostas ou resultados decorrentes; tomando as providências corretivas necessárias para prosseguir com êxito.

Exemplo de caso colhido no artigo da HBR, publicado neste mês:

X24 Factory, operadora de mercados online europeus de móveis para casa, com sede em Berlim, segundo depoimento do seu CEO - A empresa evitou mudanças bruscas, mas os empreendedores não deixaram de correr a uma velocidade vertiginosa. Quando os mercados começaram a derreter, em vez de pisar no freio, reduziram a marcha para ouvir os clientes, rastrear o mercado, conservar recursos e aumentar sua capacidade de mudar de direção, se necessário”...
E pela primeira vez desde a fundação, a X24 Factory é significativamente lucrativa”, comentou o CEO da empresa. 

Deixar de lado o manual de manobras bruscas e acrescentar análise combinada com a articulação estratégica pode ser uma jogada inteligente diante da crise.

O que se aprende
A lição em todos esses exemplos é que, quando surge uma crise, vale a pena resistir a reações automáticas sobre como lidar com choques externos e perguntar o que funcionará melhor para sua empresa, com base nas realidades específicas de seu negócio. Ignorar o manual de mudanças bruscas e acrescentar análise combinada com a articulação estratégica pode ser uma jogada inteligente.

Mas, sobretudo, é fundamental que a direção da empresa possua informações confiáveis para análise e disposição para um rápido posicionamento estratégico.

O que significa dizer que as informações sobre o negócio são o primeiro ponto porque, sem elas, a tomada de decisões fica completamente prejudicada.

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