Por mais que queiramos que tudo volte a ser como antes, isso não irá acontecer - pelo menos em curto ou médio prazos.
Então, por que não aproveitar essa oportunidade para criar culturas de trabalho mentalmente saudáveis, que já deveriam existir há muito tempo?
É dessa natureza a proposta do trabalho
da Harvard Business Review deste mês (08/12),
Os impactos desses tempos de pandemia estão presentes em qualquer cena do nosso cotidiano.
Pesquisas e resultados
No fim de março e início de abril deste ano um
estudo promovido pelas autoras do artigo, pesquisando trabalhadores de todo o
mundo, identificou que a saúde mental de quase 42% dos entrevistados havia se
agravado desde o início dos efeitos da pandemia do covid-19.
E quase 40% desses
trabalhadores disseram que ninguém em sua empresa havia perguntado se eles
estavam bem.
O
artigo da HBR e suas orientações se tornam oportunas porque, com inúmeras instabilidades
previstas para os próximos meses e anos, os líderes provavelmente
verão suas
equipes enfrentarem dificuldades relacionadas à ansiedade, depressão, burnout,
trauma e transtorno do estresse pós-traumático (TEPT).
Por outro lado – sempre é bom lembrar - mesmo nos
momentos mais incertos o papel de um gestor, como líder, continua o mesmo: dar apoio aos
membros de sua equipe. O que inclui ajudar em aspectos que envolvem a saúde
mental.
Se é assim, o que os líderes podem fazer para
ajudar as pessoas diante de novos fatores de estresse, preocupações com a
segurança e a turbulência econômica?
1. Seja
sensível
A pandemia está tornando os problemas de saúde mental algo comum. Quase
todo mundo sentiu algum nível de desconforto, o que irá se traduzir em menos
estigma se as pessoas – principalmente as que estão no poder – compartilharem
suas experiências. Um líder sincero sobre suas dúvidas, preocupações e
incertezas - deixa seus funcionários à vontade para conversarem com ele sobre
seus próprios desafios psicológicos. São vistos como humanos, pessoas
acessíveis e corajosas.
2. Dê
o exemplo
Não diga apenas que está disponível para apoiar questões
relacionadas à saúde mental. Haja. Conte sobre seu passeio no meio do dia,
sobre sua consulta com o terapeuta ou que fez uma pausa (e parou de checar os
e-mails por um tempo) para evitar o burnout.
Os sintomas de dificuldades saúde mental são tão comuns entre executivos da
alta gestão quanto entre funcionários. Compartilhar seus próprios desafios
relacionados à saúde mental e dar exemplos de um comportamento saudável
representam duas das medidas mais importantes que podem ser tomadas.
3. Crie
uma cultura de conexão por meio do diálogo
Reservar um tempo para saber como está cada um de
seus funcionários e ter uma breve conversa com eles sempre foi importante, mas
em muitos casos, antes da pandemia, não ocorria na frequência que deveria. Faça
perguntas específicas sobre que tipo de ajuda seria benéfica, aguarde e ouça
com atenção a resposta completa e incentive perguntas e preocupações.
O mais importante é abrir espaço para ouvir o outro e ser solidário.
4. Permita
flexibilidade e seja inclusivo
É importante ter em mente que as situações, as necessidades da equipe e
suas próprias necessidades continuarão mudando. Inicie diálogos com frequência
— principalmente em momentos de transição. Não faça suposições sobre as
necessidades de seus funcionários; eles provavelmente precisarão de coisas
diferentes em momentos diferentes.
Adote uma abordagem personalizada para lidar com fatores de estresse. Peça aos
membros da equipe, por exemplo, que sejam pacientes e compreensivos uns com os
outros durante esses momentos de adaptação.
5. Comunique
mais do que acredita ser necessário
Garantir que a equipe seja informada sobre todas as mudanças ou atualizações
organizacionais é decisivo. Se já divulgou uma vez, divulgue novamente.
Elimine o estresse sempre que possível, definindo expectativas sobre a carga de
trabalho, priorizando o que deve ser concluído e reconhecendo o que pode ser
postergado, se necessário.
O estudo indicado no artigo demonstrou que os trabalhadores que consideravam que
seus gestores não eram bons em se comunicar tiveram 23% mais probabilidade do
que os outros de sofrer impactos negativos na saúde mental desde o início dessa
pandemia.
6. Invista
em treinamento
Agora, mais do que nunca, devem ser priorizados treinamentos no local de
trabalho, proativos e preventivos sobre saúde mental: para líderes, gestores e
funcionários. À medida que mais e mais pessoas apresentam dificuldades
relacionadas à saúde mental, é importante derrubar mitos comuns, reduzir o
estigma e desenvolver as habilidades necessárias para ter conversas produtivas
sobre saúde mental no trabalho.
7. Altere
políticas e práticas.
A fim de reduzir o estresse para todos, seja o mais generoso e flexível
possível ao atualizar políticas e práticas resultantes dos efeitos do covid-19
e dificuldades sociais decorrentes. Por exemplo, pode ser necessário analisar
mais detalhadamente regras e normas sobre horários flexíveis, folgas
remuneradas, e-mail e outros meios de comunicação, bem como licenças
remuneradas e não remuneradas. Ao fazer alterações, deixe claro que o propósito
é apoiar a saúde mental das pessoas, se esse for o objetivo.
8. Avalie.
Garantir que cada um assuma as suas responsabilidades não precisa ser algo
complicado. É possível abordar o assunto com uma simples pesquisa por pulso
(ação simples e rápida, focada sobre o clima organizacional), realizada com
frequência para saber como as pessoas estão no momento e ao longo do
tempo.
Em empresas que realizaram pesquisas por pulso durante a pandemia para entender
quais os principais fatores de estresse e as necessidades da equipe, houve mais
facilidade em configurar novos programas, incluindo desenvolvimento de
habilidades de gerenciamento remoto para gestores, mais suporte à saúde e
bem-estar para funcionários e maior flexibilidade no trabalho e concessão de
folgas.
Com riqueza de detalhes e referenciais bem
especificados o estudo demonstra que, apesar da tecnologia que produziu inúmeras mídias hoje disponíveis automatizando mecanismos de gestão e acompanhamento de equipes, o papel das lideranças junto aos aspectos mais pessoais permanece o mesmo.
Leia o artigo da HBR na íntegra em: https://hbrbr.com.br/oito-formas-de-os-gestores-contribuirem-para-a-saude-mental-dos-funcionarios/
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