Observatório JB traz nesta postagem conceitos e orientações úteis de comportamento, que vão além da simples administração do tempo, com base em premissas e práticas da psicologia com impacto direto na produtividade e, por acréscimo, nas condições de saúde física, emocional e mental.
Tempo aproximado de leitura: 6 minutos
Lembrete inicial para quem tem grande dificuldade em dizer “não”. Grave bem esta informação: ninguém veio a este mundo para atender expectativas de outra pessoa (ou pessoas).
Esta
afirmativa está contida em um poema de Fritz Perls*, muito conhecido no ambiente
da psicologia – psicoterapêutico em especial - e pode ser amenizada em seus
aspectos aparentemente mais individualistas ao considerarmos a importância da
reciprocidade, da comunhão de interesses e outros aspectos típicos das relações
construtivas, adultas e igualitárias.
Vida dura
Na família, na empresa ou em outros relacionamentos, quando nos vem à mente a
imagem de alguém tentando assumir todos os encargos que passam pela sua
frente, por conta de agradar ou atender aos demandantes ou pelo receio de que
as pessoas fiquem aborrecidas ao não terem suas vontades satisfeitas, estamos
diante de um indivíduo com caminho aberto para a exaustão, o sentimento de menos
valia, a incapacidade de administrar o seu espaço de vida (mais grave que não
administrar o seu tempo), o estresse e a depressão; além de um roteiro certo
para o insucesso profissional.
Quando a
pessoa exerce uma função de liderança, tudo fica pior porque isso pode representar um fardo para a sua equipe. Porque ninguém consegue atender adequada, pronta e
plenamente a todas as pessoas em todos os momentos.
Pessoas com
essas dificuldades são conhecidas de todos, porque aceitam encargos em maior
quantidade e complexidade do que suportam, encadeiam compromissos na sua agenda
além da capacidade física e cronológica de atendê-los, realizam ou participam
em alguma atividade fisicamente presentes no local do evento, mas “com a
cabeça” em outro cenário.
Quase sempre estão atrasados, preocupados, desatentos e chegam ao final do dia - ou da semana - exaustos e com um enorme sentimento de incapacidade por não ter conseguido dar conta daquilo com o que se comprometeram.
Vejamos
então o que pode ser feito para diminuir ou eliminar essa dependência, no
sentido de buscar o equilíbrio entre o demandado e o possível, o desejado e o
razoável, o ótimo e o bom.
O primeiro passo é estabelecer um programa de melhoria no sentido de não assumir responsabilidades maiores ou em maior quantidade do que pode, preparando-se para o “momento da verdade” em que algo vai ser proposto ou pedido a você e suas prioridades já estarão lotadas.
O segundo passo,
como sugere o nosso título, está no estabelecimento de prioridades; coisa que alguns
de nós fazemos intuitivamente – não necessariamente sempre de forma produtiva –
quando optamos por destinar o nosso tempo, a nossa atenção, a nossa energia,
enfim, para determinada ação e não para outra; comparecer a um determinado
compromisso e não a outro, etc.
E fixar prioridades significa, antes de tudo, definir as atividades por grau de relevância de acordo com o que deve ser o foco da sua atenção no trabalho, na família, nos grupos sociais, etc.
Na prática
Como
preparação para estes “momentos da verdade” estão listados a seguir 7
lembretes básicos como ponto de partida para que o seu trabalho de melhoria
individual tenha êxito:
1. Não
adie a resposta. Vá direto ao ponto. “Não” antes é melhor que o “não” depois.
2. Não
invente desculpas ou mentiras. Justifique com evidências, se necessário.
3. Use a expressão corporal para dizer “não” previamente à sua fala. Um gestual bem significativo fornece um forte indicador para diminuir o impacto do “não” verbalizado. Tenha em mente que praticamente 80% da comunicação é transmitida por intermédio da via não verbal e que, nessa linha, um gestual bem significativo aumenta em muito as chances de clareza na comunicação.
4. Se
você não quer ou não pode fazer algo, prometa (primeiro) a si mesmo não alterar
a sua posição.
5. Se
for para negar a um superior (daqueles que mudam a prioridade a toda hora),
exponha a sua lista de prioridades e deixe que ele resolva, alterando a ordem
já estabelecida. Talvez ele passe a considerar a possibilidade de planejar melhor as suas atividades. Mas, mesmo que isso não ocorra, a sua atitude gera resultados.
6. Querendo
ser direto, mas light, diga algo como: “desculpe, mas tenho outras
prioridades neste momento” ou “tenho tantos compromissos neste momento que não
posso assumir mais nada”.
7. Ao
pedido de um colega ou subordinado para fazer algo por ele, uma boa alternativa
é sugerir: “posso mostrar a você como fazer em vez de assumir isto neste
momento”.
Alguém
poderá lembrar: e as urgências? Não sejamos ingênuos ao ponto de assumir que
será possível viver sem as urgências; afinal, em todas as atividades e em todos
os momentos, elas fazem parte da vida e mesmo que tomemos as providências que
nos cabem, nossos chefes, parentes, a empresa, o mercado, o governo, alguém,
enfim, pode criar situações em que as urgências nos causem consequências e
incômodos.
Mas como,
felizmente, as urgências são eventos em minoria em nossa rotina de vida, se
eliminarmos a possibilidade da ocorrência daquelas para as quais contribuímos -
nosso erro de planejamento, nossa distração com uma atividade que não era
importante para nós, nossa dificuldade em delegar ou compartilhar atividades
que nos causam sobrecarga, por exemplo – o caminho já fica menos tenso e é
possível voltar a falar em prioridades.
Que é onde deve ser mantido o foco.
Informações detalhadas, pedido de reunião ou interesse em temas afins: contato@jbconsul.com.br
ou (21) 9999-52440 (também no WhatsApp)
(*) Psicoterapeuta que desenvolveu a abordagem da psicologia chamada de Gestalt Terapia.


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